2 de julho de 2008

Circunstâncias

Então você quer conhecer o ambiente
Ver primeiro como é o lugar

Pensamentos de vida
Pensamentos de morte
Quais devemos seguir?

Talvez os da vida
Com um pouco de sorte
Ou quem sabe os da morte
Para sobreviver

Vida, sempre vida?
Morte, sempre morte?

Abram os dicionários, se preferirem
E ainda continuarei dizendo

Morte aos desejos súbitos de dor
Vida aos que não lhe têm amor

A Cura

Quando o bardo vem até nós
E nos pede
Que não deixemos morrer a beleza
Ele fala de curarmos o mundo
Com a nossa Arte

Em meio a chuva vês o nascer do sol?
A cura está lá
Sentes o pulsar da Terra
Em meio a confusão do mundo?
A cura está lá

Assim como existem pessoas
Que são como a onda do mar
Inconstantes em seus propósitos
Deixam-se levar

Assim como existem pessoas
Que conseguem ser
Como algumas horas de chuva
Para depois voltarem como arco-íris
Num fim de tarde sem sol

A cura está
Onde permite-se que ela esteja

Os Súditos do Rei Lagarto

Viagens noturnas são feitas
Vamos e voltamos
Longos são os percursos
Mas estaremos de volta em meia hora

Palavras ao vento há muito sussurradas
Escutamos dia após dia
Palavras ditas na caminhada
Banhadas pela insistente chuva
Para serem apanhadas num dia de sol

Deixem-nos passar
Queremos ouvir a poesia do fim do dia
Deixem-nos beber um pouco de orvalho
A continuidade das tuas obras foi prometida
Nós somos o meio

No rosto, no corpo
Tudo tão diverso e confuso
Onde está a semelhança?
Nos olhos que buscam a luz no fim do túnel
E na mente que gira em torno do mesmo pensar

O boneco de neve começa a derreter
Mas o dragão profundamente ainda dorme
Todos agora, desçam do ônibus por favor
E no relógio os ponteiros marcam
A hora do despertar

O ancoradouro está próximo
Lá encontram-se intactos os seus navios
Desviemo-nos de seu olhar fulminante
Até que nos reconheça

Saudações Rei Lagarto!
Somos teus súditos
A continuidade das tuas obras foi prometida
Nós somos o meio

21 de junho de 2008

Os Visitantes

No local demarcado
Após muitas eras e luas
Eles vêm me encontrar
Deitada aprecio sua lenta chegada
E ansiosa aguardo o meu despertar
Palavras murmuradas se misturam
No pequeno espaço que escolheram para mim
A escuridão tenta seu brilho aplacar
Mas eu já posso vê-los
Não há como recuar
Tocam em meu ombro
Me chamam sibila
E mostram o caminho
Que devo tomar
De onde surgiram?
Por que me aparecem?
Serão boas ou más?
Delas não tenho medo
Lindas criaturas
Que meu sono se põem a velar
Me trazem presentes
Materializando meus desejos
Recusar deveria?
Doces lampejos
O mal não me fazem
Mas quem serão?
Tampouco me causa alarde o que não conheço
Pequenas criaturas do mundo invisível
Noites sim, noites não
Me lembram de sua existência
Todos os dias, todas as noites
Sempre estarão perto de mim

Trâmites de Libertação

Para onde hão de nos levar
As concepções dos sábios
Que se dizem como chaves
Para as portas do oculto?
Para onde hão de nos levar
Estouvados fundamentos
Dogmas funestos
Se estes não nos permitem
Visualizar a luz?
Se vemos a luz
Lá está a ponte
E sabes onde é “Lá”?
“Lá” é o momento,
Em que o desprendimento
De todos os valores,
De toda corja de bons pastores,
Acontece